Iyami, entre o poder e a ignorância
Um velho ditado diz que não tem pior cego que aquele que não quer ver, nos últimos anos, o assunto Iyami entrou com uma forca desproporcional, uma febre tomou conta das pessoas e ocasionou estragos dentro da pratica de Isese, alguns desejosos de poder, outros desinformados, começaram a encher os cofres de muitos sacerdotes que conscientes da impunidade até publicitavam “iniciações de Iyami” como quem pretende vender algo na internet.
Iyami é um desses assuntos onde o simples pode se tornar difícil de explicar, hoje a informação abunda de boa fonte e origem, então a situação mudou, já muitos menos desinformados cai no golpe de “assentar” iyami e levar para casa, porém ainda ficam aqueles que desejosos de poder seguem comprando e reproduzindo aquilo que não existe.
Falar de Iyami é complexo porem necessário, Iyami não é Orisa, não uma divindade que receba culto diretamente, baseado na literatura sagrada e conhecimento oral do Isese, posso afirmar que Iyami não possui assentamento, Iyami representa o poder ancestral feminino coletivo, é a aquela forca criada pelo próprio Olodumare, para manter a criação viva e saudável, esta função não tem relação exclusiva com a humanidade, pois, uma das funções de Iyami é punir aquilo que não segue o plano ou atenta contra a própria natureza.
O relacionamento que uma pessoa pode ter com Iyami é obrigatório de submissão, assim como com qualquer mãe, Iyami não concede nada para ninguém, poderia ser enfático que, uma pessoa que não é punido por Iyami já está sendo abençoado, por esta razão toda liturgia referente a Iyami se faz neste sentido, não existe homem poderoso e sábio que consiga descrever os objetos de culto “Oke ipori” que iyami deixou para poder lhe seguir e render culto, esta ideia até infantil de tratar Iyami como uma divindade comum e pretender forçar as pessoas a ter interação com elas é pelo menos uma invenção própria de quem não conhece absolutamente nada sobre a teologia Yoruba.
Com o pressente texto não quero dizer que não exista culto a Iyami, pois sim existe, só que totalmente diferente do que as pessoas imaginam e alguns “sacerdotes” com falta de caráter asseveram, Iyami existe e é viva, mais os cultos, formas e tradições que podem chegar mais perto desse fenômeno absurdamente poderoso, casualmente são os mais vinculados ao hermetismo dentro da tradição Yoruba.
Em outras palavras, quem conhece de verdade nunca irá a falar fora do âmbito dos iniciados ou conhecedores desses espaços, um claro exemplo disto é a Sociedade Ogboni, antigamente os integrantes desta fraternidade não podiam nem dizer que pertenciam a ela, hoje isto é aceito, mais os rituais, fundamentos e cerimonias que ocorrem dentro do Iledi (casa sagrada do culto Ogboni) ficam guardados de forma restrita, mesmo para muitos iniciados, pois tem níveis, colunas de culto, e outras limitantes dentro procurando disseminar entre várias partes tanto o conhecimento como o poder.
Já baseado no Ifa, Iyami está presente na natureza toda, e também em todo ser humano, Iyami não pode ser adquirida através de nenhum tipo de ritual, iniciação ou medicina, ela representa a própria vida, ela tem autoridade para gerar e manter a vida, não é uma energia que consiga ser acumulada nem reunida em lugar físico e especifico, ela tem representantes segundo a crença Yoruba, que são seres humanos com poderes sobrenaturais nas quais a grande maioria são mulheres, isto é um poder que vem direto de Olodumare, e é passado de geração em geração, são as tão aneladas e mencionadas por pessoas com pouca autoestima Aje, alguns homes nascem no núcleo destes linhagem com esse poder, estes são conhecidos como Oso, isto está muito distante do que muitos vendem para especular com o desejo de poder de muitos, que imaginam em Iyami uma espécie de grupos de feiticeiras europeias.
Outro assunto a discutir é também os tristes celebres Imule Agba, as simples analogias das palavras diz claramente que é um pacto, estes não passam de ser medicinas feitas especificamente para que uma pessoa não seja sujeita a ataques de Iyami, não é iniciação, e a pessoa não adentra a lugar nenhum, tampouco vai sair voando nas noites como pássaro, não é menos certo que alguns Imule Agba são fortes e podem induzir a pessoa a atravessar algumas experiências espirituais, mas o que procura um Imule não é tornar a pessoa em um Aje ou Oso, é justamente o oposto, se procura que aquela deixe de ser banco de infortúnio em troca de uma melhora no comportamento, por isso é um pacto, que por definição não seria outra coisa que um acordo entre partes.
Sei que para alguns, este texto não vai ser agradável de ler, infelizmente nada posso fazer, mais a verdade deve ser dita, ficam em cada um ficar divagando entre o “poder e a ignorância”.
Ire oo
Akogun Fasola
IWA faça o que eu digo mas não o que eu faço ! Iwa, pode
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